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Bombeiros analisam medidas de proteção contra incêndios que estão em alta

São inúmeros os casos de incêndios em imóveis que causaram grandes tragédias. No Brasil, um dos mais famosos aconteceu em 1974, no Edifício Joelma, em São Paulo, que terminou com 187 mortes e mais de 300 feridos. O fogo começou depois de um curto-circuito no sistema do ar-condicionado. Houve, também, explosões de botijões de gases. O prédio não tinha segurança contra fogo, e outra série de negligências ajudou as chamas a se espalharem. 

As ligações do sistema do ar-condicionado, por exemplo, passavam por baixo de forro pvc compostos por material combustível. Pela falta de cuidado, o gerente da empresa, três eletricistas e o engenheiro foram condenados de dois a três anos de prisão.

“Hoje um incêndio como aquele não ocorreria. Os prédios têm portas corta fogo, alarmes de incêndio, corrimão, luzes de emergência, portas anti pânico, extintores, hidrantes, rotas de fuga e planos de evacuação. A catástrofe do Joelma serviu, ao menos, para que essas coisas fossem revistas”, explicou o coronel Nilton D’Addio, do Núcleo de Pesquisa da Memória do Corpo de Bombeiros, em entrevista ao Estadão, em 2018.

Dois anos antes do Joelma, em 1972, São Paulo havia presenciado outro grande incêndio em um prédio comercial. O Edifício Andraus pegou fogo – ao que tudo indica, por sobrecarga de energia -, e deixou 16 mortos e por volta de 330 feridos. A tragédia não foi maior porque quase 500 pessoas puderam ser resgatadas por meio de um heliponto no topo dos 29 andares do prédio.

Os sistemas de proteção atuais, quase 50 anos após essas tragédias, são eficazes – desde que feitos de maneira correta. Em 8 de fevereiro de 2019, por exemplo, um incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, matou 10 adolescentes. Dois anos depois, o Ministério Público denunciou 11 pessoas por negligência, e pediu a condenação dos envolvidos por incêndio culposo. O fogo foi proveniente, segundo técnicos, das instalações elétricas.

Por isso o cuidado e a prevenção são tão importantes para evitar tragédias. Quem cuida de imóveis residenciais ou comerciais precisa estar atento. Hoje em dia é possível contratar empresas que façam serviços de proteção passiva.


Prevenir é melhor do que remediar

A proteção passiva tem um objetivo muito claro: retardar ao máximo a propagação das chamas para que, em caso de incêndio – que pode vir a nem ocorrer -, as pessoas consigam sair rapidamente do local e o patrimônio consiga ser preservado. 

Três serviços contratados por empresas especializadas podem ser essenciais: antichamas, vedação dos shafts e tinta intumescente.


Antichamas

Aplicados em carpetes, tecidos, madeiras, estruturas metálicas, fibras naturais e outros, são produtos que evitam a propagação das chamas. 

Vedação dos shafts

Para evitar que as chamas se espalhem por dutos, hastes e eixos – os shafts -, por onde passam tubulações e cabos elétricos, é necessária uma vedação nessas estruturas, com material que atua como corta fogo.

Tinta intumescente

Esse tipo de tinta, quando aplicada, tem capacidade de reagir ao calor. Em temperaturas por volta de 200ºC, reações químicas fazem com que ela aumente de espessura. Esse aumento forma um isolante térmico que retarda a propagação do fogo.

Proteção ativa

Se a proteção passiva tem objetivo de retardar ou nem dar início ao fogo, a proteção ativa atua com o incêndio já iniciado. Alguns itens desse tipo de proteção são bastante famosos, como extintores e alarmes de incêndio, mas outros, aos quais não costumamos dar tanta atenção, também são primordiais, como sinalizações, iluminação, controle de movimento de fumaça, sprinklers e hidrantes. 

Sinalização e iluminação


É de extrema importância que as pessoas saibam e consigam identificar como chegar a uma escada de emergência, por exemplo, para conseguirem evacuar o imóvel. 

Controle de movimento de fumaça

É um sistema, como diz o nome, que consegue modificar o movimento da fumaça, o que diminui o risco de inalação de gases tóxicos e ajuda a identificar o foco do fogo.

Extintores, sprinklers e hidrantes

Os três equipamentos são usados a fim de combater as chamas. Os extintores são usados ainda no começo do incêndio, e sprinklers e hidrantes são ativados para liberar água para tentar controlar o fogo também em estágio inicial.

Seguro contra incêndio

O seguro contra incêndio não é de fato uma proteção contra o fogo, mas, sim, uma forma de tentar reparar danos materiais depois de um acidente desse tipo. Os incêndios domésticos aumentaram na quarentena. Segundo dados divulgados pela BBC, em março de 2019 foram registrados, no estado de São Paulo, 2.560 ocorrências; no mesmo período de 2020, já durante o isolamento social, foram 4.089, um aumento de 60%. 

Com o serviço contratado, portanto, o cliente tem acesso a reparações e manutenções, caso o imóvel seja atingido por fogo. O seguro, junto às medidas de proteção passiva e ativa, faz parte de investimentos que podem, a longo prazo, salvar e proteger vidas.